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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 278-1

278-1

Densidade celular X Viabilidade celular: Um estudo comparativo de técnicas para avaliar a toxicidade sobre microalgas verdes

Autores:
Jassiara da Silva Pessoa (UFPR - Universidade Federal do Paraná) ; Francisco José Lagreze Squella (UFPR - Universidade Federal do Paraná) ; Silvia Pedroso Melegari (UFPR - Universidade Federal do Paraná)

Resumo:
A preocupação com a conservação dos ecossistemas aquáticos é o foco principal da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável e parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ambos declarados pela Organização das Nações Unidas. Um dos problemas mais alarmantes para o ecossistema marinho é a contaminação por poluentes químicos provenientes de atividades humanas, como descarte de efluentes. Pouco se sabe a respeito os efeitos de tais substâncias sob a fauna e flora. Logo, testes ecotoxicológicos são cruciais para compreensão dos efeitos dos contaminantes no ecossistema marinho e para amparar a criação de regulamentações para o descarte e tratamento de tais substâncias. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização dos testes ecotoxicológicos, a qual prevê o uso de microalgas verdes como bioindicadoras do ecossistema marinho, sendo elas microrganismos fotossintéticos responsáveis pela produção primária nos oceanos. A NBR 16181:2021 para testes com microalgas marinhas prevê a quantificação da densidade celular através de espectrofotometria. Contudo, essa técnica não é precisa, pois pode ser influenciada pela manipulação das amostras e quantidade de clorofila produzida pelas células. Poucos estudos abordam a possibilidade de uso de outras técnicas para detecção da viabilidade de microalgas. Com isso, o presente estudo teve como objetivo investigar o ensaio de MTT como alternativa para mensurar a viabilidade de microalga em testes ecotoxicológicos. Para isso, foram realizados ensaios com exposição da microalga verde marinha Tetraselmis sp. ao contaminante de referência dodecil sulfato de sódio (SDS) em concentrações de 0,1 a 1.000 mg/L, além de controle negativo, sem adição de SDS. As exposições foram realizadas em triplicata, e os ensaios foram incubados em agitador shaker rotativo a 20±1 °C, 130 rpm e 500±50 lux pelo período de 96 horas. A viabilidade dos ensaios foi analisada a cada 24 horas pelas técnicas de espectrofotometria (correlacionando o número de células por mL e a densidade ótica em 680 nm) e pelo ensaio de MTT. Os softwares RStudio e GraphPad Prism 8 foram utilizados para as análises estatísticas e cálculo da EC50. Analisando os resultados obtidos por espectrofotometria, observou-se CENO de 10 mg/L e CEO de 100 mg/L em 48 horas, enquanto por MTT, os mesmos valores já foram observados a partir de 24 horas. Em 48 horas, os valores de EC50 foram de 43,5 mg/L pela técnica de espectrofotometria e 16,12 mg/L pela técnica de MTT. Após 96 horas de exposição, utilizando a técnica de MTT foi possível notar efeito tóxico do SDS em todas as exposições, desde a concentração mais baixa até a mais alta (p<0,5). Em contrapartida, através da técnica de espectrofotometria notou-se efeito tóxico apenas nas concentrações de 1, 100 e 1.000 mg/L de SDS. Com isso, a técnica de MTT mostrou-se adequada para avaliar a viabilidade de microalgas verdes, com resultados mais sensíveis do que a técnica de espectrofotometria, recomendada pela ABNT, uma vez que a técnica de MTT detecta a viabilidade da atividade da mitocôndria presente em cada célula, enquanto a espectrofotometria detecta a clorofila presente no cultivo, depende da homogeneização das amostras, além de não ser eficiente para diferenciar células viáveis de células mortas.

Palavras-chave:
 ecotoxicologia marinha, ensaio MTT, espectrofotometria, microalga verde, viabilidade celular


Agência de fomento:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)